sexta-feira, 4 de junho de 2010

DOS CAMPOS VARZEANOS À GLÓRIA MUNDIAL

Os garotos corriam e brigavam por uma bola. De borracha, capotão, bexiga de boi ou de meia. Esta mais fácil de produzir, porque contava com a ajuda da mãe de cada um. A qualidade dos campos pouco interessava. Fossem cobertos de grama ou de terra batida; de contornos indefinidos; lisos como uma mesa de bilhar ou cheios de buracos; tivessem traves ou marcados com qualquer peça que identificassem suas medidas. Sempre havia algumas rusgas na marcação de um pênalti ou gol por parte de árbitro improvisado. Eram as peladas, mas o começo para os meninos que olhavam o futuro cheio de esperança como craques de futebol.
Nessas porfias de alegres manhãs de céu cor de anil, nas tardes ensolaradas ou cobertas com nuvens que prometiam pancadas de chuva pouco importava aos meninos. Nunca faltavam as torcidas. Pequenas, mas que despertavam rivalidade.
Com o tempo passando, campos improvisados se tornavam pequenos demais. Era preciso procurar centros mais avançados para o desenvolvimento de qualidades, ainda que fossem apenas com orientadores de conhecimentos práticos. As possibilidades surgiam nos gramados varzeanos, sem alambrados e arquibancadas, mas já acompanhados de espectadores que vibravam com lances de efeito e gols que provocavam aplausos pela bela feitura. Era a escola para a definição do futuro dos garotos candidatos a subir degraus de uma escada maior no futebol.
Esse era um tempo que Piracicaba tinha espalhados por todos os cantos campos de futebol, quando surgiram clubes que disputavam competições amadoras oficiais ou de puro entretenimento, até, como se propalava, equipes de esquina para disputa de churrascadas nos finais das tardes. Mas já era um tempo em que a promessa do aparecimento de um craque tinha configuração na realidade. É bem verdade que muitos desses clubes desapareceram na aceleração de circunstâncias econômicas inevitáveis.
A profissionalização do futebol do interior alavancou a possibilidade de Piracicaba se destacar como centro de revelação de craques, que se dispersaram por inúmeras cidades do interior e da própria Capital, alcançando destaques em clubes de projeção nacional e internacional. É por isso que o futebol de Piracicaba está marcado por todos os tempos na consagração de três nomes que alcançaram o ponto máximo que todos craques almejam, vestindo o uniforme da seleção brasileira. É certo que nenhuma outra cidade do interior paulista possa se vangloriar desse feito notável.
Os craques De Sordi, Mazola e Coutinho saíram dos campos varzeanos de Piracicaba para a glória mundial.

Ludovico da Silva

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